"Quanto mais puro for um coração, mais perto estará de Deus."(Mahatma Gandhi)

Rádio

domingo, 8 de agosto de 2010

Ainda a tão falada e mal conhecida inveja....

* Roque Theophilo

Vamos começar o nosso artigo com uma história:

"Há cerca de 100 anos atrás, um mestre idoso e coberto de honrarias estava à morte. Seus discípulos perguntaram: "Mestre, você está com medo de morrer?" "Estou", respondeu ele porque temo o encontro com Deus". "Mas, como?", perguntou um discípulo, você sempre teve uma vida exemplar, e como Moisés, tirou-nos das trevas da ignorância, fez julgamentos justos como Salomão ! ", retrucou outro discípulo. O Mestre respondeu: "Quando eu me encontrar com Deus, Ele não vai me perguntar se eu fui Moisés, ou se eu fui Salomão. Ele apenas vai me perguntar se eu fui eu mesmo".

O juízo que os outros fazem de nossos atos nem sempre corresponde com aquilo que sentimos dentro da nossa legitimidade, tal mecanismo é a mola propulsora da inveja porque os outros vêm a superfície, julgam e emitem a sua opinião sempre no sentido de sentir, no caso da inveja as qualidades do outro esquecendo-se das suas.

O ser humano é dotado de sentimentos positivos, que se retratam nas suas ações de filantropia e relações afetivas quer como pai, irmão, amigo, etc. Mas também é dotado de sentimentos negativos sendo um dos ápices a inveja que se origina do ciúme, mágoas, baixa estima, falta de iniciativa em fazer o que os vitoriosos fazem etc.

Não há sentimento mais destrutivo para o clima das relações humanas do que o ciúme e a inveja que gera o ódio, a mágoa, o rancor.

Até hoje, infelizmente, pouca atenção tem sido dada a estas emoções.
A inveja é formada a partir do momento que se compara as qualidades do outro sem uma avaliação do próprio potencial, na qual a pessoa julga-se incapaz de realizar as suas ações criando fortes sentimentos de inferioridade e de frustração, porque hipoteticamente sente-se inferior a pessoa invejada.

Sedimenta-se assim o complexo de inferioridade caracterizado por forte impregnação emocional, total ou parcialmente reprimido, determinando atitudes comportamentais reprováveis.

A comparação que fizemos entre nós e o outro pode ser geral ou específica. É geral quando comparamos as qualidades psicológicas, morais, sociais ou espirituais e é específica quando comparamos posses materiais, tais como casa, carro, roupa, dinheiro, porte físico etc.

Faz parte da trama da inveja a vangloria. Quando, nos enaltecemos no fundo estamos procurando evitar o mal-estar do desequilíbrio. pregando excessivamente as nossas próprias qualidades com o único intuito de diminuir o outro.

A crítica é uma das máscaras da inveja porque, quando criticamos alguém de forma destrutiva, e quando temos necessidade de falar mal de alguém, provavelmente estamos nos sentindo inferiores a essa pessoa.

Aliás, a história da serpente e do vagalume ilustra bem o que estamos analisando. "Certa feita uma cobra voraz desejava a todo custo abocanhar o inofensivo vagalume. Esse lhe disse "Senhora serpente você que é tão poderosa porque deseja me aniquilar?" A serpente lhe respondeu "o seu brilho me fascina e como eu não o posso ter quero te devorar" A inveja é  a incapacidade de ver a luz das outras pessoas, seja em que aspecto for, assim como a incapacidade de aceitar o valor dos outros que é possível com esforço próprio possui-lo e assim desaparecerá a causa da auto-aversão por não sermos como os outros são, assim como a auto-rejeição que pode estereotipar a mediocridade do invejoso.

A sociedade em que vivemos baseada na competição desenfreada calcada numa antropofagia violenta de que o outro não pode ser melhor, é uma das grande responsáveis de um mundo repleto de desamor social.

A receita para dirimir o sentimento da inveja é simples e basta ficar atento e ficar desapontado com o sucesso do outro. "O sol nasce para todos" diz o adágio popular, e portanto cada um de nós tem as suas próprias peculiaridades e capacidades, e com esforço de vontade todos podem tornar-se vitoriosos e não perder seu precioso tempo almejando o que o outro faz, deixando de construir o seu próprio mundo porque preocupando-se com os outros, não avalia, os índices de seu crescimento, havendo uma grande diferença entre a comparação com os outros e a comparação conosco mesmos.

Na auto-comparação, cria-se o ponto de valorização pessoal e passa-se a reconhecer a própria capacidade, afastando o destrutivo principio do que os outros vão achar de mim.

Ora, se conclamamos constantemente o direito da liberdade porque ficar dependendo dos outros copiando e se escravizando aos seus padrões?

Procedendo dessa forma teremos o nosso referencial e passaremos a desfrutar o dom do livre arbítrio, isto é, a possibilidade de exercermos um poder sem outro motivo que não a existência desse poder; praticando livremente às ações, pois que o ser humano é dotado do poder embora em determinadas circunstâncias deva agir dentro de certas regras sociais, e quando nos comparamos com os outros entramos na faixa da servidão. Usando o referencial do outro perdemos a nossa identidade pessoal.

A individualidade é efetuada quando captamos o nosso potencial e procuramos amplia-lo enriquecendo-nos cada vez mais e assim estaremos dando as costas para a tenebrosa e mesquinha inveja dos outros.

Dessa forma quando estamos centrados na nossa real dimensão pelo que já somos, pelo que já temos, evitaremos a admiração invejosa pelos outros que faz cair a auto-estima diminuindo sensivelmente o valor próprio e deixando de cumprir a máxima "Ama-te para amares".

Normalmente o invejoso não se ama, vai se auto destruindo quer fisicamente pelas psicossomatizações e psicologicamente destruindo a sua auto-aceitação, ponto de apoio de todo o sucesso pessoal.

PÍLULA DA FRATERNIDADE

NÃO PERCA TEMPO INVEJANDO OS OUTROS. EM VEZ DISSO REALIZE ACREDITANDO QUE VOCÊ FOI DOTADO POR DEUS COM AS MESMAS FACULDADES DAS PESSOAS QUE VOCÊ INVEJA.

* Psicólogo e Jornalista Profissional, é autor do título « O Amigo Psicólogo ® ». Presidente das Academia Brasileira de Psicologia e Academia Internacional de Psicologia, e um dos pioneiros da Psicologia no Brasil.

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